O vento arrepiou os trapiás
O tamarindeiro e as romãzeiras
E agora que deixou em paz  
Ciscos, flores e saias
Precipita-se
Uma chuva leve
Que doura o ocaso
Serafins rebentam no meu peito
Coros do ontem e do nunca
Graves e fluidos
Abrem meus olhos
Aos versos
Possíveis do universo
Pluri versos mnêmicos
Abro e encerro a aléia
Que sou eu mesmo
Composição, decomposição
- Era isso mesmo ? Era apenas isso ?
- Sim, era isso, apenas !
Quero gritar aquele nome
O qual me falta
Desgastado pelo desuso
Minhas pernas seguem
Cansadas do aguardo
Por asas que se negam
Sinto-me decomposto
Em cada gota
Que agora se precipita
Na noite muda
Como se apenas chovesse
E o leve rufar
De trovões ao muito longe
Não passasse
De  uma lembrança



(Marconi Barros)