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JENIPAPEIRO
O Jenipapeiro é Uma Andaluzia Transplantada Com mares de calcário Um rio violento Uma oralidade singular E mais: secundada por pássaros A igreja bem alta De torres imodestas As quais Dedé, meu primo, hoje cego Foi quem pintou Disputando-as Com urutus inamistosas A 30 metros do além O único que teve E guardou tal visão. Rocinhas pequenas Povo bonito Alegre e cumpridor Capaz de beber uma semana de festas E três encarnações de trabalho Como se dançasse Quanto de mim Não veio de lá ? Talvez a tristeza E a abstenção Pois quem reside em si Não tem metafísica Que não a fé Zé Mariano Lima PéChico Ricota Bajó Não há nobreza impossível São todos irmãos Descer pra Rua Subir a Serra São coordenadas próprias Já me esqueci Dos teus quintais orvalhados Ecoando a laranjeira, alho e roseirais Sob as estrelas aproximadas Sob a tardinha dourada Sob a madrugada e o canto dos galos Das procissões sertanejas já me esqueci E os casamentos Teus becos de areia A Semana Santa Rica e chuvosa O almoço no Ano Bom Minha avó Um arcanjo De cabelos de ouro Cachimbando, cochilando, cochichando Com seus mortos Enquanto meu avô Artífice do couro e sanfoneiro Lia a Bíblia Com uma ruga na testa Atinando com os Evangelhos: -Espritado ! - Quem, José ? - O Judas... - Ói, qu’isto aí !? José, José ! Tem paciência, José ! (Marconi Barros)
Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 24/10/2008
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