Marconi Barros, um ausente picoense

Marconi Barros, um ausente picoense

Segura na Mão de Deus, pois ela, ela te sustentará ...

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Textos

TERESINA
Situada a trezentos e sete
Quilômetros a Norte do Éden
O que a  Capital do Piauí
Tem de definitivo é o calor
Humano, o seu povo sertanejo
Que se julga metropolitano
E tem a beleza
Dos seus dois rios mortos
Da Ponte Metálica conservada
Da Avenida Frei Serafim
Tão artística e breve
Um aeroporto improvável
O Clube dos Diários
E o Theatro 4 de Setembro
Falam de uma pujança
Que minha geração não alçou
A Feira do Troca Troca  valeu a música
Os coletivos
Cheios de gente anônima
Com pressa de não chegar
Os engraxates nas praças
O sapateiro
O amolador de facas
O vendedor de passes  
O povo nas ruas labora, alegremente
Enquanto seus eleitos songamongas  
Horrenda espécie espacial
Do púlpito
Babujam o óbvio com
A mesma grandiloqüência
Dos coronéis analfabetos seus avós
Teresina de madrugadas tão belas
E também seu entardecer
Com os barquinhos no Parnaíba
As canoas no Poty
Não há litoral
Não há superlativos
Teresina, sertanejamente bela
Praças grandes  
Cercadas, muradas
As pessoas as deixaram,
Deixaram também as calçadas
É a violência desses dias
Que mudou-se pra mais uma cidade do sertão
De aeronave ou expresso
Ali se chega ao sertão
É o que de melhor ela tem
Por assim
Deixá-la é sempre um parto

                                                            (Marconi Barros )
Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 27/10/2008

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