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Morte
Doninha dormiu seu sono de passarinho
Passou café, passou roupa, passou mal Reclamou duma dor no peito, em vão Não lhe deram ouvidos Regou as plantas e o quintal Fez o almoço Mas deixou o feijão queimar Não veio tirá-lo do fogão de lenha Pois dormia agora seu sono de pedra À noite tomávamos café Em sua casa com filhos e netos Ante seu corpinho inerte Nosso bêbado público Recebia os pêsames como se fosse da família Acudia a todos com conselhos sensatos Insensível aos bogaris, lírios e aos limoeiros do quintal Reclamava do cheiro de feijão queimado Fosse outra a ocasião Doninha lhe daria café quente Em copo de alumínio para bêbados Sem asas, seguido de banho de penico
Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 29/05/2011
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