A mãe não foi buscar Pedrinho na escolinha,
Mas ele sabia o descaminho de casa,
E vai sozinho, irritado, triste,  apreensivo
São apenas três quadras
Trânsito, só de muares e matutos
Em casa, a mãe suspirava ainda
Teria chorado ?
O pai evitou o olhar de Pedrinho
Recobrava o fôlego, como animal furioso
Do qual fugiu a presa de dentre as garras
A mala estava pronta junto à porta
Sua vida nunca mais seria a mesma
Em algum lugar no universo
Algo rompera o equilíbrio
Tudo desandaria
O pai saiu levando a mala
O menino quis chorar, mas não chorou
Quis abraçar a mãe, mas não pôde
Pedrinho dormiu pela tardinha
Na redinha  sem varandas
Batendo o pezinho na parede
Pendulando-se
Acordou de madrugada
Em meio a sonhos angustiados
Andando cego, sobre as amuradas
Da ponte do Guaribas
Desequilibrou-se, caia quando acordou
Entre os pais, na cama do casal
Que se reconciliara