A manhã está por chegar
O bacurau, a coruja e a mãe da lua
Silenciaram seu réquiem
Num crescendo
Três galos invisíveis
São tenores
Iniciam um sanctus
O tempo pareceu acelerar
Porque agora a nave da brisa última
Vai recolhendo
Os espíritos para o mar de volta
Antes que surja o sol e o dia
E chove uma chuva meiga e
Sabendo a outras chuvas
Na cumeeira de minha alma raia
Uma chuva mãe
E uma velha que são duas
Embalam um bebezinho, todos
Num compasso de carinho e mansidão
Mugido, balido, chocalhos
Cheiros, vacum
Goma ao fogo
Na frigideira chiam ovos
Notas fortes de café
E aquela chuva
Sai de mim e adentra por todas as janelas
Já está aqui, entre nós
Enchendo a terra de novidades
E o rio do meu lugar de alevinos
Traz felicidade
Minha avó, as duas numa só, me segreda algo
Eu sorrio e me esqueço
Antes de acordar
Atrasado para a missa das cinco da manhã
A missa que já houve e foi aqui
Gloriosa