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INFANCIA MALVADA
Das praças: Grande, Pequena e Pracinha
(Depois tornada em Dos Passarinhos) Fui cavaleiro, pirata, policial e preso Das ruas : do Cantinho, da Romana Fui e inda sou romeiro Na Mariana voei com meus papagaios De linha curta Nas margens dos Macacos e do Guaribas Fui marginal, pescador enraizado Dois rios sem peixes, nem primatas e nem alma Que não de mulheres, meninos e velhos, trabalhadores das vazantes E a dos caramujos infecciosos Dois rios de areia e vento De curso breve, rios de desalento Mas daquela infância o que me persegue Encoraja inclinando ao bem São as imagens da Malva Margem última, esquerda da cidade Onde por último chegou a eletricidade Onde velhinhas enrugadas, comadres de minha avó Pitavam cachimbos, engomavam roupa a ferro de brasa E falavam baixo, cochichavam Enquanto este menino, cabeça no colo de Maria Gorda cochilava, perambulando no cheiro de roupa bem lavada Engomada ... Uma paz cheirando a malva e capim santo me invadia Não sabendo que enquanto este poeta chegava Elas iam... Avós dos meninos do futebol, dos mal-elementos, Duros, sábios e acesos A Malva carece de um poeta que a cante Não da poesia Pois sempre foi um dos melhores capítulos da nossa cidade... Tua paz de lamparinas, calçadas e cansaço Ajudaram a compor a minha infância plena de malva.
Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 18/04/2008
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