Marconi Barros, um ausente picoense

Marconi Barros, um ausente picoense

Segura na Mão de Deus, pois ela, ela te sustentará ...

.......... PICOS Piauí brasil
Textos

ADEUS
Esculpe as pedras, desencaminha os rios, amiúda as cidades e apaga as pessoas, o Tempo.
- Era Picos tão mesquinha, pequena e suja  ?  Não, ele assim a fez. Dizia-me para mim mesmo.
Nossa casa ficou pequena, encolhera, não cabia tanta gente !
A Matriz onde fiz minha Primeira Eucaristia envelhecera mais que o padre que ora celebra este ofício.
A escola em que estudei, antes  um templo espalhando crianças uniformizadas pela pracinha , agora é aquilo, transformada em museu de coisa alguma. Meus amigos de recreio, por certo, agora trabalhariam no comércio.
Mesmo a distância até a Capital parecia imensamente maior quando mamãe pesarosa  me conduzira ao Colégio Agrícola de Teresina lá  me deixando.
- Fica com Deus, meu filho !
Ana, minha irmã, era frágil ? Chorando  assim à toa, à toa ?
- Marconi você é bobo ! Você será feliz: estudar em Teresina,  outro mundo. Dizia-me  enquanto esperávamos  o táxi que me levaria ao terminal rodoviário. Agora me recebia em soluços, certo de  que sentia pena de mim, percebera a distância em que meus olhos se banhavam.
Mesmo Zé Luiz um menininho há três anos, hoje trajando  seriedade, um homem consumado aos  doze..
O dobre do sino não era tão dolorido. Confundia-se com o da escola e o da companhia de gás.
O Tempo é outro nome que damos à Morte.
Reflexão que eu fazia... Aos dezenove anos... Entre lágrimas de fogo enquanto levava ao campo-santo o corpo em bálsamos  de meu pai.
Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 19/04/2008

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