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MÚSICA, UMA QUESTÃO DE CULTURA E IDENTIDADE
Dos vários aspectos que a música apresenta escolhemos dois para análise: cultural e de identidade.
Ao som de Cavalgada das Valkírias de Richard Wagner realizo o artigo presente. O motivo é simples: difícil permanecer inerte à grandiosidade sonora de tal música. Wagner é maldito entre os judeus, tendo sua obra proibida nos seus paises pois ela servira de inspiração a Hitler no esboço do ideal de supremacia ariana. Culpa de Wagner ? Não, culpa do arquiteto medíocre que mergulhou a Alemanha e o resto do mundo no morticínio da Segunda Guerra. Não sou anti-semita, nem simpatizo os nacionais socialistas, julgo-os uma aberração histórica. Porém surdo não sou e a música clássica revela grandioso apelo à realização de obras de vulto. O artista que não ouviu Nessum Dorma de Puccini, Réquiem em Ré Menor de Mozart, Marcha Nupcial em “Sonhos de Uma Noite de Verão” de Mendelssohn, Assim Falou Zarathustra e Danúbio Azul de Strauss, Ave Maria de Bach , Primavera n’ “As Quatro Estações” de Vivaldi, Jesus Alegria dos Homens de Dame Myra Hess e outros tantas composições que são legítimos apelos ao sublime não pode ser acusado de medíocre. Ao lado desse horizonte espiritual que nos eleva, o homem pode ascender culturalmente também pela oitiva dos cantos de sua aldeia. Como não se sentir picoense e orgulhoso ao ouvir Nuvens, Mania, É Tempo de Amar do intelectual Odorico Carvalho ? Como não aprender História após três horas de audição do autêntico poeta Barrazul ? Esse viaja na arte do improviso perfazendo as trajetórias de Jesus a Lampião, dê-lhe um mote e receba cultura. Mas se consome o hino terras alheias, ditados no aparato da mídia, o homem perde sua identidade. Chegar em minha terra e ouvir “Chorão com Mel”, “ Forrozão Trupicaia”. Agüentar pagodeiros melosos com letras adolescentes; o breganejo que se imagina country semeando a corneação perdoada; o axé no qual quinze vocalistas com mesmo timbre , as mesmas percussões, as mesmas letras, fazem a mesma coreografia na mesma trilha sonora pra extração de dente. “O Olodum tem um serviço social lindo” disse o garimpeiro Caetano. - Otimo! (digo eu) Peça uma doação ! Mas não nos enviem seu lixo que aos próprios bons baianos tem afogado ( Xangai, os Caymmis, Elomar : onde estão ? ). Quem nasce no interior e não migra está fadado ao ostracismo. Fosse Odorico um soteropolitano e estaria num ministério, fosse de Fortaleza e estaria na mídia. Mas deixar tudo para trás e partir em busca de uma carreira nem sempre é o caminho da felicidade. Querem nos mandar seus cantos, pois mandem, mas que sejam de qualidade. O que fizeram com o programa da Poetisa Ana Maria ? Um farol cultural que nos engrandecia com Música Popular Brasileira, entrevistas e recitais. - Não era comercial ? Não, não era porque alma não se vende ou compra e aquele programa nos revestia de uma espiritualidade ímpar, se não clássica, ao menos cultural.. Resta saber: quando partires pro descanso eterno como vais querer chegar (suponhamos) ao Céu ? Pra compor o coro da Ave Maria de Bach? Da Oração de São Francisco “nordestinada” por Fagner ? Ou o coro do Lapada na Rachada ? Creio que a terceira alternativa não é, não foi, nem será a do Céu tão pouco a dos picoenses.
Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 20/04/2008
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