“Triste daquele que tem mais passado que futuro”, atendo-me ao adágio contemplo o presente carnaval e mais odeio a Axé Music.Nasci em ’72, sou de uma geração sem bulha, sem coreografias, em que não se ralava na boquinha da garrafa, mas se perguntava pela esquisita cabeleira do Zezé: “Será que ele é ? será que ele é ? será que ele é Bossa Nova ? Será que ele é Maomé ? ” Nossa geração conhecia a Boa Bossa e ouvira falar do Profeta.

Substituíram a cuíca, o pandeiro, o cavaquinho, os metais e os sambistas por tambores e musas baianas uníssonas. Trocaram o samba de roda pelo forró elétrico, choca mesmo !

Quem se embalou com as marchinhas nos salões, os ensaios das escolas de samba populares(que eram infinitamente mais interessantes que os desfiles oficiais ), quem presenciou tal qualidade não entende como se criou todo um comércio de Falsos Picassos do samba .

Houve mesmo tamanha ruptura com a qualidade ? Ou será que nós também (a minha geração), não curtíamos o “axé” daquele tempo ?

Vendo Coni Filho, Pepedo, Vitim, Téo, Pedo Jardel, Lalice e Dudinha (nenhum com mais de dez anos ) dançando lindamente baianadas no Matinal do Samambaia entendi que essa é a trilha sonora dos novos tempos e, se não quisermos perder o presente, vamos ensaiar com eles suas coreografias e declarar, bem baixinho, que eles não nos ouçam: “Bandeira branca, amor, não posso mais ! Pela saudade que me invade eu peço: Paz !”. Essa geração é linda e estes carnavais são deles.