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NÃO, ASSIM !
As mangueiras falam do vento
É setembro, aqui é quente Sei do vento cochichado pelas mangueiras Que se contorcem O amianto é fogo ! O sol Os besouros O perfume das flores Não chegam ao mofo Do leito que nos acolheu Amigo da caridade, Eu ? Por quê é assim ? Uma visita, ao menos ? Algum conhecido... Envelheci em descompasso Com a minha geração Os irmãos subiram Tive três filhos Dois desistiram A terceira, o mundo levou Amadureci lentamente, Em descompasso com minha geração Dei por mim No fim do andor Por detrás dos últimos Atrasando a multidão E este corpo já não é meu Lavam-no e limpam Levam-no ao sol Tal uma cacto desatual Porém agora O tempo veio sobre mim Não posso as ruas Levam-me de cá Pra lá Não me alinho mais Com as minhas necessidades Queria ir Mas o corpo rijo persiste Se ao menos eu me houvesse Amolado na mó da vida Se não me houvesse guardado Tanto siso ! Tanto siso ! O adeus de que preciso Teima em não vir Amanhã é domingo Pessoas que não conheço Virão nos olhar Só os olhos que procuro Sei que com os tais Não hei de cruzar Antes da cruz Definitiva paz Que me venha Acalmar Todos os meses Alguém vai embora Será em setembro O meu embarque ? Correrei novamente Pelos jardins e corredores De Jeová ? Verei minha mãezinha Irmãos Meus filhos Amigos e Bichos de estimação ? Verei a Jesus Sentirei a Luz Do Espírito em mim Uma vez mais Se desvelar ? Amanhã é domingo Dia de visitas Se amanhã eu não for mais Talvez eu entenda O porquê Deste lar De idosos
Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 27/04/2008
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